sexta-feira, 14 de julho de 2017

A BELEZA EM MEIO AO CAOS









Como compreender uma frase que mais parece um paradoxo...ver beleza em meio ao caos. Quem seria capaz de ver esta beleza que provavelmente só deva existir se usando um ângulo certo para que tal beleza se revele aos nossos olhos? Visto de baixo seriam coisas incoerentes, coisas que não aparentemente combinam, e que misturando cores, formatos, tamanhos, espécies; isolados olhando como os olhos de quem só olha não consegue enxergar e muito menos observar. Quem consegue apreciar o caos? Quem consegue ver beleza onde nada parece combinar com nada? Quem consegue entender o porquê daquele caos ser daquela forma. Observar é fixar os olhos em alguém, algo ou em si mesmo considerar-se com atenção e estudar-se; fazer uma observação científica de. Observar é uma característica que muitas pessoas não tem, porque demanda tempo, paciência para que se tenha um resultado dessa observação. Diria que observar é além do enxergar, pois o que fazermos é fixar os olhos, ou seja, não vemos nada além do que ou quem estamos observando, no qual fazemos considerações e estudamos o comportamento, os trejeitos, as manias, as formas de reação e etc. Posso afirmar que somos constantemente observados todos os dias e quem nos observa não está procurando os nossos defeitos, mas sim a beleza que emana do caos que existe em cada um de nós. Somos observados em como reagimos a situações difíceis da vida, como somos capazes de lidar com adversidades que a vida nos trás, como reagimos sobre pressão e diante de profundas tristezas. Em diversas traduções mitológicas o caos é o vazio primordial de caráter informe, ilimitado e indefinido que precedeu e propiciou o nascimento de todos os seres e realidades do universo. O caos o indefinido o que precedeu o nascimento sempre esteve presente no nosso entendimento, porque foi nele que Deus criou tudo. (Gênesis 1:1-2) Platão filósofo grego (428-348 a.C.) afirmou que caos era o estado geral desordenado e indiferenciado de elementos que antecedem o demiurgo, ou seja, o artesão divino ou o princípio organizador do universo que, sem criar de fato a realidade, modela e organiza a matéria caótica preexistente através da imitação de modelos eternos e perfeitos. Mas muitos podem se perguntar como é que existe beleza em meio ao caos se caos significa uma coisa ruim. Caos não significa coisa ruim, apenas criamos em volta dessa palavra uma forma pejorativa de ser entendida, ou seja, uma palavra com sentido chula, desagradável e desdenhosa. A humanidade tem o hábito de querer interpretar as palavras como elas querem que ela seja e não conforme ela é. Infelizmente algumas pessoas também faz isso com isso com a Palavra de Deus, pois elas interpretam o texto conforme o que ela quer e não como o Espírito Santo ensina. Por isso somos admoestados a estudar a Bíblia para que esse tipo de situação não aconteça conosco e acabemos sendo envenenados ao invés de curadas pela Palavra de Deus. 

Todo esse preambulo para contar sobre um livro e agora filme chamado A Cabana que muito tem se explorado o tema e muitos comentários controversos e outros literalmente contra a história contada. Li o livro duas vezes e pude assistir ontem de casa porque ainda estou com limitações de locomoção. Aí eu me pergunto, porque não? Porque temos a mania feia de limitar o poder de Deus, porque colocamos Deus numa áurea intangível, inalcançável, inimaginável e inatingível de um velho com barba e cabelos enormes de cor branca com voz de trovão pronto a nos sentenciar? Porque colocamos Deus dentro de uma caixinha e formamos um conceito sobre Ele sendo que Ele é muito mais do que algo que caiba numa pequena caixinha? Ver Deus como uma mulher e não como homem; ter uma definição sobre o gênero de Deus é um sofisma que a humanidade criou e que limita a ação de Deus. Deus é Deus! Ele diz: EU SOU O QUE SOU. Não vou entrar no mérito das questões que giram em torno do personagem principal Mackensie ou Mack que perdeu sua filha mais nova a pequena Missy para um psicopata que a assassinou em um cabana. O drama dele e da família não é diferente de muitas pessoas hoje em dia que sem que nós saibamos perdem seus filhos para violência urbana, para psicopatas, drogas, acidentes e etc. A dor seria basicamente a mesma para todos que seria a ordem natural foi rompida e um pai enterra sua filha e não ao contrário. Quando a ordem natural das coisas não acontecem culpamos a Deus inicialmente, questionando o porque Ele permitiu que um inocente morresse de uma forma tão brutal. Julgamos Deus! Muitos já se fizeram esta pergunta posso afirmar que mais de uma vez na vida, porque quando tudo vai mal, quando o dia mal vem, é em Deus que jogamos as nossas frustrações. Todos os dias nesse últimos meses sempre tem uma criança morrendo por bala perdida na cidade do Rio de Janeiro. A insegurança impera e com ele o mal, mas posso dizer que os pais, amigos e familiares sempre se perguntam porque Deus permitiu isso? Essa era a pergunta entalada feito espinha de peixe no meio da garganta do Mack...porque Deus? porque a Missy uma criança inocente? Porque você não a ajudou? Porque você a abandonou? 

Mais uma vez fazemos nossos próprios julgamentos acerca de pessoas, circunstâncias, pois quando estamos feridos nos revestimos da toga de um juiz e julgamos, decretamos e sentenciamos e principalmente julgamos a Deus também. Dois aspectos me chamaram muito a atenção no filme que foi o momento que ele conhece o jardim que Sarayu (sopro do espírito) tem e quando ele tem um encontro com a Sabedoria. O jardim de Sarayu é o início desta postagem, pois quando visto de baixo, ao nível dos olhos ela pergunta a Mack o que ele achava daquele jardim e ele responde que era uma confusão uma bagunça sem pensar; ela para de andar e olha pra ele e ele complementa, é bagunçado mas é bonito. A imagem que se tem é de flores de diversas cores, alturas, espécies, tamanhos junto com arbustos, folhas também de cores e tamanhos diferentes que realmente visto com um olhar raso, que pareciam uma loucura caótica ocular, um verdadeiro caos de cores, espécies de plantas e arbustos. Mas quando visto por outro ângulo vemos a beleza majestosa de toda aquela desordem que no fundo havia sentido e era capaz de trazer paz e alegria quando visto. A imagem que usei deste post no blog é a cena em que ele se dá conta que aquele jardim confuso mas em processo de vida era ele mesmo. A vida é assim, depende de como e de que forma estamos olhando para ela, onde enxergamos algo ruim algo que nos machuca quando vemos através dos olhos de amor de Deus vemos que onde havia tristeza há alegria e paz. Quando somos feridos, nos fechamos como caramujos que envoltos em suas carapaças são praticamente impenetráveis e impossível de interagir. Nos recluímos em um estado de modo de luta sempre dispostos a reagir seja de que maneira que for. Nos imergimos em nós mesmos e somos alimentados pela dor que é só nossa e que não ousamos dividir com mais ninguém. Deus nesse caso foi o causador dessa dor, quem nos desferiu esse golpe foi o causador dessa dor, a vida foi causadora dessa dor. Sempre temos a quem atribuir o responsável pela nossa dor. Desde que o mundo é mundo; desde que o inimigo tomou conta desse mundo e plantou outra ideia sobre a verdade divina, ele é capaz de trazer a tona o pior da raça humana. Ele é capaz  de extrair as artimanhas mais ardilosas, desumanas, terríveis que tem dentro de nós. Você acha que não? É só ligar a TV ou ler um jornal que você fica sabendo das abominações que atingem a humanidade dia após dia desde da sua queda no Éden. Desde que o mundo é um mundo caído o que mais vemos é a revelação do pior dos seres humanos, onde não se entendem, não se aceitam, não se unem e não se amam como irmãos. 

A interferência de Deus onde Ele entregou o Seu Filho a cruz foi exatamente para que todos, sem exceção, pudessem ter um relacionamento novamente com Ele através do Filho que é a Verdade e a Vida. Sabe o que mata, o que estupra, o que faz coisas inimagináveis a nossa mente, até ele tem esse direito; até o assassino de Missy poderia ser salvo, mas isso não quer dizer que o que essas pessoas fazem ou fizeram não tivesse consequências; não! Há consequência por cada ato que praticamos sendo ele bom ou ruim. Muitos podem não concordar ou dizer que sou adepta do Direitos Humanos e eu digo que sou adepta, por mais difícil que seja, a vontade de Deus . Não é fácil aceitar que existe salvação para um ser humano que abusa sexualmente de um bebê, mas quando fica difícil entender essas situações é porque estamos nos vestindo com a toga do magistrado e já estamos liberando sentença para esta pessoa. É horrível imaginar que possa existir pessoas assim? Sim é! Mas toda a deformação de caráter, toda monstruosidade humana existe uma raiz e foi isso que o personagem Mack aprendeu quando teve seu encontro com a Sabedoria. Sabedoria, discernimento e entendimento são adjetivos que precisamos pedir a Deus porque estamos envolvidos em um mundo onde tudo é relativado, tudo é diferente mas que possuem a face de uma mesma moeda. Difícil entender assim, mas toda a história tem dois lados, do que fere o do que foi ferido. O personagem do filme teve um pai abusivo, que o espancava, que espancava a mãe dele e que era extremamente religioso. Bebia as escondida da comunidade, do seu pastor, mas entre quatro paredes ele revelava o verdadeiro eu dentro dele. Mack poderia ter sido assim? Sim, poderia assim como foi o pai dele que também recebeu tratamento abusivo de seu pai, ou seja, avô de Mack, mas ele resolveu fazer diferente dessa vez. A hereditariedade, o ciclo vicioso, a roda da vida que vai sempre para o mesmo lugar e direção são responsáveis por grande parte de situações que vemos que acontecem de geração em geração, ou seja, meu avô fez, meu pai fez, eu vou fazer porque os meus antepassados fizeram. Mas existe um meio de se quebrar este ciclo vicioso que destroem sonhos, famílias e pessoas; a chave para quebra deste ciclo é dizer não para o mal é dizer sim para Verdade, porque só ela é capaz de nos libertar verdadeiramente. A verdade é Cristo, a verdade é saber que não somos capazes de usar a toga e julgar as pessoas e seus atos porque nos achamos melhores que os outros. Conforme "Papai" fala o tempo todo no filme "Eu tenho um carinho muito especial por...", ou seja, Ele ama a TODOS sem distinção, sendo o pior dos pecadores, Ele os ama da mesma maneira que ama você e é isso que muitas das vezes as pessoas não aceitam um relacionamento com Deus, porque Ele não é exclusivista. A Sabedoria no filme fez Mack sentar se no lugar dela e julgar como sempre ele fez a vida toda, ou seja, ele julgava a aparência, as roupas, o cabelo, a forma de falar, de andar, os relacionamentos; ele julgava absolutamente tudo e até julgou Deus pelo sua Grande Tristeza. 

Sendo um filme ou livro de ficção ou não eles nos fazem pelo menos parar para refletir sobre questões muito importantes para nós que nos intitulamos cristãos. Nos achamos mais amados por Deus só porque vamos a igreja e recebemos alguma benção; nos achamos melhores dos que estão no mundão, porque sabemos que quando morrermos existe um lar eterno para nós e para eles um inferno ardente; sabemos que indo a igreja todo o domingo estamos agradando a Deus, mas quando saímos dela e chegamos em casa deixamos Deus na igreja e Ele não nos acompanha mais durante a semana. Somos egoístas, incapazes de multiplicar o que temos de melhor em nós, porque guardamos para nos mostrar para Deus na igreja. Somos invejosos porque achamos que Deus ama mais o outro irmão do que nós porque ele recebeu a benção e nós não. Somos juízes algoses de pessoas e circunstâncias que como aves de rapina ficamos prontos a apontar o dedo em riste mostrando desnudando o pecado do irmão. Somos este caos, esta desordem, essa raça que não consegue dar um passo certo sem que antes não tenha errado o caminho, somos aquele jardim de Sarayu que só quem vê a nossa beleza interior é Deus porque Ele nos vê com outra perspectiva e por isso Ele vê o que é belo em nós. Por isso que afirmo que existe beleza em meio ao caos, pois não somos nós que vemos, mas Deus que olha para nós. Quando vemos a beleza em meio ao caos somos capazes de perdoar, de amar e de verdadeiramente nos relacionamos com Deus.


"(...) Ainda que por natureza Jesus seja totalmente Deus, ele é totalmente humano e vive como tal. Ainda que jamais tenha perdido sua capacidade inata de voar, ele opta, momento a momento, por ficar no chão. Por isso seu nome é Emanuel, Deus conosco, ou Deus com vocês, para ser mais exata. (...) Mackensie, eu posso voar, os humanos, não. Jesus é totalmente humano. Apesar de ele ser também totalmente Deus, nunca aproveitou sua a natureza divina para fazer nada. Apenas viveu seu relacionamento comigo do modo como eu desejo que cada ser humano viva. Ele foi simplesmente o primeiro a levar isso até as últimas instâncias: o primeiro a colocar a minha vida dentro dele, o primeiro a acreditar no meu amor e na minha bondade, sem considerar aparências ou consequências. E quando curava os cegos? Fez isso como um ser humano dependente e limitado que confia na minha vida e no meu poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não tinha poder para curar ninguém. Isso foi um choque para as crenças religiosas de Mack.(...) Amor e relacionamento. Todo amor e relacionamento só são possíveis para vocês porque já existem dentro de Mim, dentro do próprio Deus. O amor não é a limitação. O amor é o voo. Eu sou o amor.(...).

Trechos do Livro A Cabana de Willian P. Young



Cristina Miranda - Espaço Elohim

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Cristina Cunta - Espaço ELOHIM