Podem me chamar de velha, mas sou do tempo em que as "Sessões da Tarde" passavam filmes muito legais tais como "Professor Aloprado" com o agora saudoso Jerry Lewis e um em especial que convêm lembrar agora "Ao Mestre com Carinho" com o ator negro (raros naquela época) Sidney Poitier. A sinopse fala de em um engenheiro que aceita lecionar numa escola barra pesada em Londres, onde se depara com um grupo de adolescentes rebeldes determinados a expulsá-lo do cargo. Tratados com respeito e exigindo o mesmo entre os alunos, eles abandonaram o comportamento hostil se afeiçoaram ao Mestre. Esse poderia ser a introdução de qualquer história vivida na real nos dias de hoje em muitas escolas pelo mundo a fora. Uma turma "rebelde" que não aceita regras, que não possuem limites e que se acham os donos da verdade. Vale lembrar que por eu ter visto muitas vezes esse filme foi lançado em 1967. O tema continua atual, porque tratam de conflitos que existem até hoje. É um filme que te envolve e o final é gratificante, pois vemos o crescimento e amadurecimento dos alunos e do professor. Quando tratamos com pessoas e intelecto, existe uma troca que não só o aluno ganha, mas principalmente o professor ganha também. Nessa vida sempre somos alunos de algo seja em qualquer área da nossa vida, não é verdade? A etimologia da palavra aluno não é um ser sem luz como muitos afirmam, mas sim algo muito mais peculiar e extremamente correto que é lactente, criança de colo, ou seja, aquele que está crescendo e sendo nutrido. Volto a repetir, somos todos alunos em algum momento de nossa vida e em qualquer área que seja. E eu ousaria dizer que de certa forma somos todos rebeldes em determinados momentos de nossas vidas, porque essa rebeldia faz parte do crescimento. Existe os confrontos, as regras, os questionamentos que se não formos bem orientados podemos enveredar por caminhos tortuosos. As vezes batemos cabeça, e nos convencemos de que a nossa verdade é absoluta e inquestionável. Quando confrontados a primeira coisa é rejeitar a pessoa portadora do ensinamento e aí se instala os conflitos. Os Mestres têm que possuir muito jogo de cintura para conseguir quebrar a carapaça da rebeldia e extrair o que se tem de melhor dentro desse aluno. Assim também somos nós com Deus.
Tenho visto e lido por aí que pessoas estão rejeitando a religião e acabam não entendendo que Deus não tem nada a ver com isso e se entristecem com Deus por conta disso. A Trindade não tem nada a ver com os mandos e desmando do homem. Eles estão acima de todas essas discussões canônicas e o que vemos são pessoas cada vez mais feridas e magoadas com "irmãos" das igrejas locais. Eu posso dizer que fui uma dessas pessoas que não conseguia separar a Trindade da humanidade. Como via a igreja na Igreja não compreendia que aquela a igreja é formada por pessoas passíveis de erros, pessoas que precisavam de cura e nem sabiam e que onde existir pessoas existirá problemas emocionais. Vi esses dias nas redes sociais um Apóstolo que afirmou com muita autoridade que nunca existirão pessoas perfeitas na igreja e que era para que nos lembrássemos que o Céu foi inaugurado por Jesus e um ladrão arrependido. (Lucas 23:43) Intrigante e instigante essa afirmação porque joga por terra todas as desculpas para as pessoas que colocaram as suas vidas nas mãos de outras pessoas e não cultivaram um relacionamento saudável com Deus. Quando vemos o homem lá na frente com o microfone na mão ou bradando na igreja achamos que eles são perfeitos e que devemos jogar todas as nossas fichas nele, mas ledo engado meu caro, pois assim como eu que careço de entendimentos e sabedoria, não enxergamos que na verdade eles são pessoas carentes de entendimentos e sabedoria também, pois nenhum de nós pode dizer que entende tudo ou sabe tudo. Nos magoamos com atitudes erradas de pessoas que levam o nome de Jesus estampado na camiseta, mas que não tem esse Jesus cravado em seu coração. Mas Deus ainda está esperando por nós essa que é a grande sacada e uma verdade maravilhosa que ocupa meu coração de uns tempos para cá e pretendo somente acrescentar mais e mais esse entendimento e sabedoria.
Agora volte o seu olhar para o título deste post e reflita: Já parou pra pensar que todos nós, cada um de nós é este filho pródigo que estava "morto" e "reviveu" e voltou para casa de seu pai descrito por Jesus na parábola que leva o mesmo nome em Lucas 15:11-32. Na vida espiritual assim como quando nascemos de nossas mães e precisamos ser nutridos com o leite materno, porque ele é durante um determinado tempo o único tipo de alimentação que recebemos para que haja um desenvolvimento correto e pleno. Quando entendemos que Jesus é a nossa Salvação somos alimentados com um alimento adequado e não adianta querer ingerir feijoada com o estômago de lactente. Acabaria nos fazendo mal e não absorveríamos o que era preciso. Imagino que quando Jesus falou dessa parábola este rapaz teve a orientação do pai da mesma maneira que seu irmão mais velho. Mas ao contrário do que todos imaginaram, ele não teve a mesma atitude de obediência e submissão do que o irmão mais velho; ao contrário, ele quis tudo que lhe era devido na metade dos bens do pai e caiu no mundo. Parece familiar? Esse filho mais novo tinha tudo; um pai que o amava, um lar, uma família, empregados, negócios e prosperidade financeira. Dava a entender que eles eram abastados, ou seja, tinham muitas posses. Ao olhar este quadro havia felicidade naquele núcleo familiar e o quadro era bonito de se ver! Mas aquele rapaz mais novo não enxergava o quadro como ele estava exposto, pois havia dentro dele um enorme vazio que ele acreditava que seria preenchido com o dinheiro e posses de seu pai. Olhemos para 2017 e eu te pergunto: Essa atitude do filho mais novo não se encaixa em muitas pessoas pelo mundo a fora? Quantas pessoas podem comprar tudo com o dinheiro, mas não se sentem plenos e nem completos? A imagem no espelho da vida aparece retorcida e faltando vários pedaço e que nenhuma cirurgia plástica é capaz de recuperar. Suas vidas pessoais são fragmentos daquilo que eles desejam ser e quando se veem dessa maneira, vazias, elas recorrem a muitos ansiolíticos e psicotrópicos porque não são capazes de gerencias as suas emoções e muito menos suas frustrações e elas não entender a dor que estão sentindo. É uma dor irracional, mas que existe de fato. Quando temos que lidar com o vazio emocional acabamos construindo grandes armadilhas que nos levam a tomar caminhos dolorosos. O medo e incertezas nos confundem e nos tornamos paralisados por nutrir tamanha ilusão. Acabamos ficando presos em nós mesmos e imediatamente procuramos pessoas para serem o nosso porto seguro, ou usando o português clássico, procuramos por moletas humanas capazes de nos carregar e pensar por nós.
Ok! Deus nos deu o livre arbítrio assim como o pai da parábola de Lucas 15 sequer questionou o porquê e para que o filho queria a sua parte na herança ele ainda sendo muito jovem. Posso fazer uma ideia de como o coração desse pai ficou dilacerado, ao ver as costas desse filho indo embora de seu lar. Esse pai sabia que o filho não tinha maturidade e nem responsabilidade com tanto dinheiro a sua disposição. O mundo tem muitos atrativos que a princípio não te cobram nada, mas lá na frente tudo é cobrado, porque todas as nossas atitudes tem consequências e aprendemos a duras penas que temos que ser responsáveis para arcar com todas elas. Quando li este texto vi muitas pessoas que foram criadas dentro de igrejas e que hoje estão "divorciadas de Deus". Eu não fui criada dentro de uma igreja cristã desde a infância, mas recebi Cristo na minha vida a pelo menos 15 anos e senti como eu fui este filho pródigo muitas vezes. A princípio não fui abraçada pela minha igreja e acabei deixando de frequentar e ninguém procurou por mim até hoje. Voltei a colocar meu pé no mundo e vivi usufruindo o que ele tinha de "bom", mas a cobrança veio e bateu a minha porta. Voltei Cristo e junto comigo foi meu marido e juntos vivemos momentos extraordinários do sobrenatural de Deus. Mas tivemos problemas com pessoas que acabaram nos machucando e machucados nos mudamos de Estado. Quantas vezes Deus olhou para mim como o filho pródigo? Hoje posso sentir toda a alegria de ter um relacionamento com Ele e na minha maturidade pessoal e espiritual também sou capaz de ver o quanto de tristeza causei ao coração do meu Pai, pois Ele viu minhas costas muitas vezes ao longo desses quase 50 anos. Ele viu também as vezes que me machuquei com pessoas e colocava Deus em cheque, porque tudo ocorria dentro da instituição igreja e espelhava com isso a imagem que Deus permitiu meu ferimento. Eu não tinha maturidade para entender que a Igreja de Cristo é composta de seres humanos falhos e incapazes de gerenciar as suas próprias frustrações e emoções. O centro da Igreja é a Trindade, mas só vemos pessoas no comando. A canalização de suas frustrações e emoções são feitas através de mentiras, fofocas, contendas, assédio moral (quando falamos de liderança e liderados); enfim, uma gama enorme de adjetivos ruins que não podem fazer parte da Igreja de Cristo e nem da denominação nenhum que carrega Seu nome. A verdade é que existem muitos filhos e filhas pródigos que não tem maturidade de pegar sua herança e cair no mundo. O mundo nos dá uma falsa sensação de liberdade que na realidade nos vicia, arruína e nos faz sofrer. O pior é que não damos nosso braço a torcer e continuamos pagando um preço desnecessário.
Em outras traduções do mesmo texto de Lucas 15 fala sobre A Parábola do Filho Perdido. Me responde uma pergunta, quantas vezes nos sentimos perdidos e sem direção? O filho determina que haja a partilha dos bens desse pai. Sempre que estamos no controle de nossas vidas acabamos indo para bem longe do nosso Pai e vivendo as delícias do mundo e não adianta tudo isso porque é um tempo perdido. Durante a narrativa vemos que ele tem a falsa impressão de que tudo vai bem e nada vai acontecer. Mas o tempo passa e o dinheiro, a vida, a saúde se esvai por entre os dedos. Tudo fica relativizado e não temos mais nenhum discernimento de nada. Acabamos nos tornando "mendigos emocionais" que orbitam em determinados lugares e perto de pessoas que nos dão a falsa sensação de preenchimento e saciedade. Visualize esta cena: um pai na soleira da porta sentado admirando e podendo até estar pedindo a Deus que cuidasse de seu filho que partiu; ele vislumbra uma silhueta que caminha com uma certa dificuldade pela fraqueza e fome e cansaço cambaleante e esse pai nutri no coração a esperança de ver mais uma vez aquele que partiu. Do mesmo lugar que este pai o viu partir e que dilacerou seu coração ele viu este filho voltar aos seus braços arrependido, maltratado pela vida que viveu, dizendo que sabia que fez o errado que não se importava que o pai não o aceitasse mais como um filhos, mas que o aceitasse como um escravo. Você acha mesmo que esse pai vendo o seu filho que para ele estava "morto" iria mesmo o aceita-lo como escravo? Claro que não! Deus não quer marionetes, fantoches e muito menos escravos...Ele quer e deseja Filhos! Principalmente os pródigos que vageiam pelo mundo achando que não tem mais jeito. Na verdade não sabemos que quanto tempo o filho pródigo ficou fora e nem com quantos anos ele retornou.
Jesus foi o Mestre dos mestres, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e assim como mencionei no inicio deste post, as vezes nos rebelamos contra o Mestre, mas Ele tem total convicção e certeza que vamos entender e dizer que o mundo não tem nada a oferecer, mas somente o amor desse Mestre é capaz de nos ensinar a admoestar da maneira certa para o nosso entendimento e evolução.
Para terminar quando mencionei o filme "Ao mestre com Carinho" esqueci de falar sobre a trilha sonora que foi a música To Sir With Love, ou para nós Ao Mestre com Amor, que é cantada por uma das personagens no final do filme quando a turma faz a sua homenagem ao seu mestre que o refrão diz assim: "O que posso lhe dar em troca? Se você quisesse a lua eu tentaria começar, mas prefiro dar meu coração. Ao Mestre com amor"
Mesmo que você esteja combalido e achando que o Pai não vai te receber de volta, não se deixe levar pelas verdades que o inimigo coloca na sua mente. Lembre-se que quando o filho chegou ele foi recebido com festa, roupas limpas e um anel no dedo que traduz autoridade. Deus quer te autoridade e te ensinar com amor que mesmo que você erre ainda dá tempo de voltar para casa.
Cristina Miranda - Espaço Elohim